quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Graças a Deus, chegou a Crise Global: Qual é o seu significado?


Em seu livro “An Inconvenient Truth” (“Uma verdade inconveniente”) que trata do tema do aquecimento global, Al Gore fala sobre a rã numa panela com água. Se a rã é atirada numa panela com água fervente, ela pula imediatamente para fora, pois percebe que a água está muito quente. Por outro lado, se a mesma rã for colocada numa panela com água morna que está sendo aquecida muito lentamente, ela não percebe a mudança e permanece acomodada sem perceber a mudança na temperatura, até ela ser resgatada. O final do conto foi alterado de ‘fervida e morta’ para ‘resgatada’, pois ainda existe a esperança de mudar o curso da história. Com este conto Al Gore comenta que o mesmo ocorre com as pessoas quanto à questão das gradativas mudanças climáticas.

Os Estados Unidos - um dos únicos países do mundo que não assinou o protocolo de Kyoto que estabelece metas de redução de emissões de carbono - representa apenas 5% da população mundial, mas é responsável por mais de 30% do aquecimento global (sem contar com uma boa parte dos efeitos que provocam nos demais países que produzem para o consumo dos americanos), vinha dando pouca atenção à questão climática. A matriz energética americana fortemente baseada no petróleo e carvão, fontes não renováveis, não poderia jamais ser replicada nos demais países, como um modelo mundial, estimulados pelo simbolismo de prestígio/status nos automóveis e outros bens de consumo em massa tão danosos ao meio ambiente.

O alto consumo alimentado pelo financiamento fácil baseados em critérios frouxos de concessão de créditos com recursos advindos de um mercado financeiro extremamente alavancado (33 vezes contra 5, do Brasil) fez com que os americanos gastassem US$ 800 bilhões a mais, por ano, mais do que eles ganhavam, levando a uma dívida total que chegou a US$ 14 trilhões. Esta combinação de consumo excessivo e um modelo energético sem sustentabilidade estava levando os EUA e muitos países que acreditavam neste modelo econômico de livre mercado, consumismo exagerado, especulação financeira com baixa regulamentação, a um desastre irremediável de escala mundial. Por exemplo se os chineses adotassem o mesmo padrão de uso de automóvel dos americanos, tudo o que se produz de petróleo no mundo hoje não seria suficiente para atender somente a China. Da mesma maneira, se os chineses começassem a comer hamburgues e carnes, a devastação de áreas verdes para serem transformados em pastos e, depois, áreas para produzirem grãos para alimentar os animais para virarem alimentos dos humanos, levariam o mundo a um caminho sem volta na questão de danos ao meio ambiente. Sabe-se que apenas 30% dos grãos da produção mundial são destinados à alimentação humana e 70% são para alimentação animal. Em suma, o mundo caminhava calcado num modelo que é sabidamente insustentável, já amplamente discutido e alarmado pelos cientistas e ambientalistas. Mas a força dos interesses econômicos sempre falou mais alto, até que...

Veio a crise financeira mundial que atingiu o coração do capitalismo – os Estados Unidos. Se fosse em qualquer outro país não teria a relevância e o impacto suficientemente forte para produzir o efeito transformacional necessário para mudar o curso da história. Por isso tinha que ser nos Estados Unidos – “modelo do capitalismo” - que vinha sendo copiado pelos demais países. Começou com os sub-primes, a crise dos grandes bancos americanos e europeus, a crise das grandes corporações, incluindo aí também os ícones da indústria automobilística. Como todos sabem o capitalismo é altamente sensível às questões econômicas/financeiras. Muito mais que questões ambientais, naturalmente. E é aí que está o “X” da questão. Graças a Deus, veio a “crise mundial” que pode ser a salvação do planeta. Esta “crise” é uma freiada brusca de um carro que estava indo em alta velocidade contra uma parede e obrigará a fazer uma mudança de rota. “Crise” em japonês é kiki que é formada por dois ideogramas (“Kanji”). O primeiro kanji, significa “perigo” que é compreensível. E o segundo, significa “oportunidade”. Na realidade, crise não existe verdadeiramente. O que existe é uma situação de mudança no cenário econômico. E é durante as “crises” que a riqueza muda de mãos. No meio e depois das “crises” (mudanças) sempre existem oportunidades. É por isso, que devemos ter a nossa mente sintonizada com as oportunidades para que possamos identificá-las e aproveitá-las e sairmos ainda mais fortalecidos das situações de mudanças no ambiente econômico.

Felizmente a crise mundial veio como um tsunami e chacoalhou os Estados Unidos e, consequentemente, todo restante do mundo. E o mundo começa a mudar, com certeza para melhor, no médio/longo prazo. E a mudança começa com a eleição de Barack Obama para presidência dos EUA, cujo mote de campanha foi CHANGE (Mudança). A eleição de Obama vem de encontro com as aspirações da sociedade que clama por mudanças deste modelo que já está desgastado, ainda que tenha trazido algum conforto material e progressos científicos/econômicos, ainda não trouxe o mais importante que é a felicidade da humanidade. Mas não esperemos uma mudança radical da noite para o dia. Cultura, crenças e costumes tão fortemente arraigados na sociedade não mudam assim tão facilmente. No entanto, a crise tem uma dosagem suficientemente forte para começar a mudança que irá acontecer inexoravelmente.

Chegou a hora de repensar padrões de comportamento de consumo. Chegou a hora de refletir sobre os exageros do materialismo, da especulação financeira e da ganância inconsequente. Chegou a hora de buscarmos por um novo modelo econômico de respeito pelas pessoas do mundo, independente de cor, etnia, credo e religião, baseado nos valores humanos que são universais; pelo respeito ao meio ambiente e pelo legado para as gerações futuras. Chegou a hora de termos a plena consciência que todos os seres animados e inanimados fazem parte de uma só Vida. Que essa Vida é próprio Deus. Chegou a hora de implantarmos um novo modelo sustentado pela ESPIRITUALIDADE.

2 comentários:

Unknown disse...

A humanidade caminha para um futuro mais justo, mais humano, mais feliz quando se libertar do pensamento vicioso baseado no ter.

Muito obrigado

Júlio Tsukide

Helô disse...

Grandioso Preletor Milton, por favor será que pode nos avisar quando estiver assim tão inspirado como no seminário para Empresarios em Ibiuna dis 29 e 30, (HOJE RSRS), que significou AQUILO???
MEU DEUS!!!
O senhor se superou se que pode isso?
foi o maior canal de expressão de amor de Deus que já vi, lindo, calmo., tranquilo e profundo como o grande oceano da vida de DEUS!!!
Que seu amor e dedicação reverta o mais rapido possível em sua tão iluminada vida,
Muito obrigada pelo grandioso e maravilhoso seminário!!!
Chorei tanto e por tantos motivos, rsrs,,,MUITO OBRIGADO!